Marilena Chauí
(SBPC)
Utopia
Se estabelece
no século XVI com Thomas More, Utopia (1513). Cinquenta e cinco cidades com a
letra A, ex.: Ademos, Anidra.
Anteriormente
a ideia já pode ser encontrada em:
→ Cidades de Ouro
(Virgílio, Ovídeo).
→ Harmonia cósmica (no
sentido de utopia cósmica).
→ Lit-topos (não-luar/
ludar nenhum) sentido negativo como traço definidor.
→ Eu-topos (feliz/
verdadeiro) sentido perfeito.
→ Segue o duplo sentido da
palavra.
Fim da utopia:
Marx recusa o socialismo utópico. Perfeição que leva à criação de uma nova
sociedade.
Utopia é
normativa (mundo como deve ser)
●
Totalizante (negação ponto por ponto de uma outra
sociedade) contextação, criação de um mundo completo.
●
Anxiety (revela carências do presente).
●
Radical (reconciliação homem x natureza/ homem x
sociadade).
●
Imaginação social (descrição da sociedade total e
minunciosa, realismo, detalhes) realismo (total) x irrealismo (pretendido).
●
Transparência (não oculta as operações sociais)
instituição equivale ao todo, instituição equivale ao todo.
●
Fronteiras móveis (interdisciplinar: fala-se em
arte-utópica, ciência-utópica, política-utópica) ideia fluída, em mutação
(Gramsci)
* Utopia não é um programa de
ação, é um plano potencial e hipotético, inspirador de ações.
Condições
históricas: discurso utópicopertence à Renascença italiana, séculos XV e XVI.
A partir de
More passam a se referir a textos do passado como utópicos:
+
Platão - República
+
Milenarismo
- Joachim Fiori → temas de amor, amizade
+
Oroboscos - tempo circular, eterno retorno
+
Concepção hebraica - tempo linear, dramático
+
Teofania, epifania (redução da verdade
+
Semana
cósmica → 3 eras (trindade) → Lei
→ Filho, graça, cristianismo
→ Espirito, sabedoria
* Essas são ideias trazidas pelo
Jesuítas e Franciscanos para o Brasil (Maranhão) Utopias religiosas.
*
Presentes em More: → Humanismo: conhecer e transformar a realidade
→
Igualitarismo/ equidade
→ Francis
Bacon: o homem é o arquiteto da sua fortuna
→ Pico de
Mirandolla: discuros sobre a divindade
→ Viagens
marítmas: ilha/ naufrágio/ desconhecido.
* Aspectos
presentes em More:
Republicano
(liberdade das cidades/ igualdade = liberdade)
Monarquismo
(paz/ ordem/ lei = liberdade)
Supressão da causa da
desigualdade → proposta: trabalho, ciência e arte.
→ Propriedade privada
→ Democracia popular
→ Tolerância religiosa
CONJUNTO DE ASPECTOS QUE OPERAM NO DISCURSO UTÓPICO
Modelo Platão:
1.
Busca da cidade justa por lei/ pedagodia
2.
Estabilidade institucional/ política
3.
Identidade do indivíduo/ lei = bom senso
4.
Vigilância sobre o medo
5.
Comunitário (modelo: índio), felicidade coletiva
6.
Urbanismo que organiza a cidade segundo necessidades
(pequenas casas populares (belo), grandes e portentosos prédio públicos
(sublime)
* Península secreta e
ilocalizável (ut-topos), geometria ESFERA e o TRIÂNGULO
Francis Bacon:
outros aspectos da Utopia (A Nova Atlântida), (incomodar a natureza para que
ela forneça respostas).
●
Cidade injusta e passional: fundada por Posseidon.
Cidade oriental, Persa. Ímpia e
tirânica que Zeus afunda.
●
A Nova Atlântida tem por centro a casa de Salomão
(sapiência e tolerância). Utopia do progresso, da ciência todos os saberes são
pesquisados (prudência e prosperidade). Ideal de criar naturezas: Sci Fi: Julio
Verne
Século XIX:
Utopia como projeto político, marcha da história, progresso, cientifização da
utopia.
Pragmatismo
utópico: crítica Marxista ao socialismo utópico (pouca historicidade, afetivo)
o amadurecimento recional é o socialismo científico. A crítica de Marx difere
da crítica conservadora, para Marx, Utopia não é sistema, nenhuma utopia
influencia a história pelo realismo, mas por aquilo que é para ser atingido
(Marcusi). Utopia: conjunto de práticas e movimentos sociais (Mauheim).
Recusas da
Utopia (contemporâneas)
●
1894 - Orwell
●
Brave New World - Huxley (expressão retirada de
Shakespeare - A Tempestade)
Ilha, magia (Shakespeare) X Ciência
(Bacon)
●
Farenheit (distopia): divisão, dilaceramento,
sociedades totalitárias. Controle pelo terror/sexualidade destruição das artes.
●
Matrix: constuídos com elementos da cultura grega (Neo,
papoula pill, Morpheus, “know thyself”)
Descrição da
sociedade totalitária, nas obras acima a realidade é subjulgada, em Matrix a
inovação é a realidade x virtualidade, não a vitória da máquina
sobre o homem (secundário). O dilema é descobrir o real sentido. Zion apresenta
as marcas do discurso utópico (More, Bacon, cientificismo, circularidade,
cidade escondida). Utopia não é plano de ação, é projeto de vida.