William Beckford
O interesse pelo Oriente e a representação do "outro" haviam se tornado populares na Europa com a tradução francesa de Les Mille et une Nuits no começo de 1700, seguida da publicação de As Cartas Persas (1721) de Montesquieu e das aventuras de Zadig (1747) e Candide (1759) de Voltaire. Fascinado pelo lado mais extravagante do Oriente, o aristocrata inglês William Beckford investiu numa representação mais luxuriante de um déspota árabe para criar o seu infernal califa Vathek (1786). Escrito originalmente em francês, o romance de Beckford recriou fantásticos cenários orientais dedicados à apreciação sensualista. As imagens dos cinco palácios do califa (The eternal or unsatiating Banquet; The Temple of Melody, or The Nectar of the Soul; The Delight of the Eyes, or The Support of Memory; The Palace of Perfumes e The Retreat of Mirth or The dangerous) são descrições representativas desse projetado epicurismo e autoritarismo oriental. Apesar de o seu discurso freqüentemente se revestir de aspectos estereotipados do Oriente, pois seu califa é praticamente um bufão, Beckford abordou uma procura faustica pelo oculto, representou as paixões desmedidas e enfocou o estrangeiro/aristocrata como corrupto e ameaçador, caracterizando um romance gótico-exótico.