Os Estudos Culturais, com seus questionamentos que separam as várias disciplinas, permitem uma interpenetração entre diferentes áreas de conhecimento, redirecionando discussões em torno do cânone e da suposta separação entre cultura elitizada e cultura popular para questões vinculadas ao hibridismo de formas, discursos, e gêneros, que constituem a nossa realidade contemporânea.
Desta forma, a televisão e o cinema têm assumido papés de destaque junto à academia, dada a necessidade de analisar detalhadamente os elementos que permeiam nosso horizonte cultural e têm influenciado a literatura, ficcional e crítica, produzida no século XX e XXI.
Os Estudos Culturais, com teóricos influentes, a exemplo de Stuart Hall, James Clifford, Robert Stam e Andrew Ross, também auxiliaram no processo de criação de um espaço crítico-teorico diferenciado, para que questões como gênero, identidade e nacionalidade possam ser discutidas sob uma perspectiva mais atualizada, tendo em vista o panorama cultural e político côntemporâneo, no qual culturas periféricas assumem uma posição mais central.
A ilustração mais precisa da urgente necessidade de se redefinir as separações tradicionais entre produções culturais produzidas em países de primeiro e de terceiro mundo encontra-se no cinema e na televisão, onde ocorre uma interpenetração de formas estéticas - sejam elas pertencentes a cinemas mais nacionalistas, como o suposto cinema alegórico nacional produzido por países de terceiro mundo, ou mais hollywwodianas, com a produção de filmes mais paródicos e modernos (Frederic Jameson).
No cinema e na televisão ocorre uma interpenetração de culturas tradicionalmente vistas como isoladas uma das outras, renegociando, também, relações hierárquicas pré-estabelecidas. Nesse contexto, os Estudos culturais possibilitam 1) o questionamento de práticas críticas distanciadas do caráter transdisciplinar da produção atual e 2) uma redefinição das relações de troca entre a produção cultural de países de primeiro e terceiro mundo.